«(…)Imagine dois professores de
filosofia que dão aulas na mesma escola. Ambos também têm os mesmos recursos
financeiros, talentos naturais e antecedentes sociais. Um dos professores é, no
seu tempo livre, um boêmio que esbanja seu dinheiro em boates caras. Como ele
também tem uma família para sustentar, muitas vezes fica sem dinheiro para
pagar as contas. Nessas situações de apuros financeiros ele recorre ao apoio
social do estado. O outro professor, por sua vez, dedicou-se no seu tempo livre
a estudar mais filosofia. Com muito esforço e dedicação ele passa até mesmo a
fazer palestras para complementar sua renda, ganhando duas vezes mais do que
antes. De acordo com o princípio da diferença as desigualdades de renda só são
permitidas se beneficiam os menos favorecidos. Isso implica em dizer que nesse
caso o professor boêmio deve ser beneficiado pelo professor dedicado, mas esta
conseqüência é inaceitável, pois vai contra nossas intuições morais
fundamentais de justiça. Pensamos que é justo compensar os custos que não são
escolhidos como as doenças e deficiências de algumas pessoas, mas é injusto
compensar os custos escolhidos pelas pessoas. A teoria de Rawls nos diz que o
professor dedicado deve sustentar não apenas as suas próprias escolhas, mas
também as escolhas do professor esbanjador, por meio de impostos. Essa
conseqüência implausível ocorre porque o princípio da diferença proposto por
Rawls não faz distinção entre custos escolhidos e não escolhidos. Cada pessoa
pode ter o estilo de vida que preferir e por isso temos a intuição de que é
justo que cada um deva ser responsável pelo custo de suas escolhas, mas a
teoria de Rawls não capta essa intuição fundamental. (…)»
Por Matheus Silva, in http://networkedblogs.com/xaudX
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