Mostrar mensagens com a etiqueta Filosofia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Filosofia. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Viver juntos


Os Amantes (R. Magritte)
«Para que pode servir a Filosofia contemporânea?

Para viver juntos da melhor maneira: no debate racional, sem o qual não existe democracia, na amizade, sem a qual não existe felicidade, finalmente na aceitação, sem a qual não existe serenidade. Como escreveu Marcel Conche a propósito de Epicuro, "trata-se de conquistar a paz (pax, ataraxia) e a philia, ou seja a amizade consigo próprio e a amizade com o outro." Eu acrescentaria: e com a Cidade, o que é política, e com o mundo – que contém o eu, o outro, a Cidade… -, o que é sabedoria. Dir-se-á que isso não é novo… A Filosofia nunca o é. A sabedoria é-o sempre.»

in Comte-Sponville, A. e Ferry, L. (2000). A Sabedoria dos Moderno. Dez Questões para o Nosso Tempo. (pp. 456-457). Lisboa: Instituto Piaget

quarta-feira, 18 de abril de 2012

170º aniversário de Antero de Quental.

Antero de Quental (1842-1891), retratado por Columbano Bordalo Pinheiro

«Antero de Quental nasceu nos Açores (Ilha de S. Miguel, cidade de Ponta Delgada). Foi uma das figuras marcantes na poesia e na política na segunda metade do século XIX em Portugal.
Nasceu no seio de uma família profundamente religiosa. Estudou no Colégio do Pórtico, de Ponta Delgada, fundado e dirigido por António de Feliciano de Castilho. Em 1858 ingressou na Universidade de Coimbra, onde se viria a licenciar em direito em 1864. É neste período que entra em contacto com a obra de Kant, Hegel, Proudhon, Michelet, A. Comte e outros pensadores contemporâneos. Funda a Sociedade do Raio, organização secreta de estudantes envolvida em práticas maçónicas e na contestação ao sistema. Colabora no jornal O Académico.
Antero de Quental adere às ideias modernas do seu tempo (republicanismo na política, realismo na arte), destacando-se logo em 1865-1865, pelos ataques que faz aos defensores das concepções mais tradicionais em arte, como o Feliciano de Castilho, na polémica conhecida como a Questão Coimbrã. Após a formatura, seguindo exemplo de Proudhon resolve aprender o ofício de tipógrafo na Imprensa Nacional (1866), seguindo logo a seguir para Paris onde apoia os operários franceses. Não tarda a regressar a Portugal e a viajar para os EUA.
Em 1868 fixou-se em Lisboa, onde funda com antigos colegas da universidade o Cenáculo, na Casa de Jaime Batalha Reis. Nesta fase distingiu-se como um grande paladino das ideias republicanas.
No ano da Comuna de Paris (1871), em Lisboa, organiza as célebres Conferências do Casino, que marcaram o inicio da difusão das ideias socialistas e anarquistas em Portugal. Neste ano rompe com o cristianismo e passa a defender uma organização social de inspiração anarquista (Proudhoniana), assente em dois pilares fundamentais: a liberdade e a fraternidade. Neste ano funda diversas associações operárias, publica folhetos e dirige jornais de propaganda das novas ideias ( A República Federal, A República-Jornal da Democracia Portuguesa, O Pensamento Social e a Revista Ocidente).
Durante uma viagem a Paris, fica gravemente doente. Em 1881 refugia-se em Vila do Conde, onde estuda Schopenhauer e E. Hartmann. Numa carta datada de 7 de Agosto de 1885, a Carolina Michaelis de Vasconcelos, afirma que terminar o seu período poético e entrara no filosófico, pretendendo desenvolver e sistematizar a sua filosofia.
Em 1890 é chamado para encabeçar um movimento patriótico que opôs Portugal à Inglaterra em relação à partilha de África.
Agastado com múltiplos problemas para os quais não consegue encontrar resposta, acaba por regressar a Ponta Delgada (Junho de 1891) onde se suicidou.
Antero de Quental pertenceu à denominada "Geração de 70", que inclui Eça de Queiróz, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Teófilo de Braga, Adolfo Coelho, Guerra Junqueiro, Gomes Leal e muitos outros, e que que assumiu como um grande objectivo a reforma cultural e social de Portugal.
A filosofia de Antero é inseparável da sua poesia, onde de forma mais sistemática procurou desenvolver todo um percurso poético-filosófico desde a dúvida religiosa até um panteísmo de inspiração oriental. Reagindo contra o naturalismo e o positivismo que predominavam no seu tempo procurou, no final da vida conceber uma filosofia centrada na consciência e na liberdade.»

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O que é o anarquismo?

A propósito da discussão sobre a legitimidade do papel coercivo do Estado e da existência de formas de organização social alternativas, vale a pena ler o diálogo entre um "democrata" e um "anarquista", da autoria de Robert Dahl, Universidade de Yale, publicado na revista on-line de Filosofia: http://criticanarede.com/fil_anarquismo.html

terça-feira, 10 de abril de 2012

"Ninguém pode parar a iniciativa popular?"





Es.Col.A da Fontinha from Viva Filmes on Vimeo
O projeto da escola autogerida (autogestionada, como aparece em alguns sítios) da Fontinha permite-nos explorar várias questões relacionadas com ética, direito e política, como por exemplo: até onde vai ou pode ir a emancipação do povo? Qual é o papel do Estado na regulação da ação individual e coletiva? E terá a propriedade privada um valor absoluto?

quinta-feira, 15 de março de 2012

"A única coisa em comum é o amor".



Sinopse:


“Babies” é um documentário francês de 2010, de 79 minutos, realizado por Thomas Balmès e produzido por Alain Chabat que segue durante um ano a história de 4 bebés, desde o seu nascimento. Estas crianças são oriundas da Mongólia (Bayar), Japão (Mari), Namíbia (Ponijao) e EUA (Hattie)."


Crítica:


Tivemos a oportunidade de visualizar e discutir o documentário “The Babies”, no contexto das disciplinas de Filosofia e Formação Cívica. O filme, diretamente relacionado com o tema “Valores e Cultura”, permite-nos explorar o território das atitudes possíveis em relação à diversidade cultural.




Quatro bebés muito especiais...


Ponjiao (Namíbia): nasceu numa tribo, e talvez dos quatro bebés é aquele que mais distante está do modo de vida ocidental. Desde pequeno contacta com outros familiares da tribo, assim como outros seres vivos durante a sua descoberta do mundo.

Bayarjargal ( Mongólia): vive numa tenda, já com alguns sinais de modernização. Dos quatro bebés é aquele que mais tempo passa sozinho, não por desinteresse parental, mas em nome de uma autonomia que, segundo a tradição da Mongólia, deve ser conquistada desde muito cedo.


Mari (Japão): vive num aglomerado urbano muito denso, estando em contacto desde pequena com sinais de desenvolvimento: arranha-céus, centros comerciais, brinquedos, tecnologia…Raramente está em contacto com a natureza.


Hattie (EUA): o seu modo de vida era semelhante ao de Mari e a única das quatro crianças a estabelecer um vínculo especial com o pai. Muito sensível e temperamental, por comparação com as crianças dos países menos desenvolvidos.


Do reconhecimento da diversidade à identificação de universais humanos…


Se viajar é comparar, este documentário proporciona-nos uma viagem por três continentes e quatro países e confronta-nos com uma diversidade de maneiras de pensar, sentir e agir, que caracterizam e concedem especificidade aos elementos de uma cultura, distinguindo-os das restantes. São diversas as formas encontradas pelas diferentes sociedades para melhor satisfazer as necessidades e os desejos humanos. Apesar das diferenças detetadas no momento do nascimento e no decorrer do processo de socialização, todas as crianças têm algo em comum. Todas têm o amor de uma família.
Se viajar é comparar é também ser capaz de assumir que “ser diferente não é o problema, o problema é acreditar que a nossa diferença é melhor que a dos outros”.


Por fim, uma lição de vida…


Todos amam. É esta a mensagem que o documentário francês pretende transmitir ao espectador, ao seguir o primeiro ano de vida de quatro crianças, “todas diferentes, todas iguais”.
Não incomodando o espetador com narração e fazendo com que este se concentre totalmente nas crianças, este filme consegue ser uma lição de vida para aqueles que torcem o nariz a outras culturas e se consideram culturalmente superiores. Para os racistas. Para os xenófobos. Para os chauvinistas. Este é um filme para todos nós.

10ºF






quinta-feira, 8 de março de 2012

A coragem de Hipátia de Alexandria.

Também há mulheres filósofas!

Escola de Atenas, Rafael



Dia 8 de março - um dia especial...

Decorridos dois anos, penso que vale a pena relembrar, aqui, neste diário virtual as palavras um dia registadas no diário físico de uma turma muito singular…

«Vila Real, 8 de Março de 2010

Após um longo dia de trabalho (são 23 horas e ainda não encerrei a jornada…) sento-me diante do diário do 10ºB e penso. Penso que, por uma feliz coincidência, guardarei as palavras das minhas alunas e alunos, na data em que se comemora os 100 anos do Dia Internacional da Mulher.
É verdade já passaram 100 anos, desde que numa conferência internacional de mulheres realizada em 1910 na Dinamarca, foi decidido homenagear as operárias de uma fábrica têxtil de Nova Iorque que, no dia 8 de Março de 1857, entraram em greve para reivindicarem melhores condições de trabalho. A greve foi violentamente reprimida pelas forças policiais e mais de cem mulheres acabaram por morrer queimadas, em consequência de um incêndio que, entretanto, deflagrou na fábrica onde se encontravam fechadas.
E,hoje, alguém me perguntou: “E ao fim de todo este tempo, ainda se justifica assinalar este dia?” Acrescentando, de imediato: “Afinal, não são as mulheres numericamente superiores aos homens?”.
Ignorei o óbvio cinismo presente nestas questões e argumentei com factos que demonstram que, hoje, as mulheres são as vítimas mais frequentes de maus tratos, desigualdade, discriminação, ignorância e preconceito.
Mas as minhas palavras despertaram ainda mais o espírito crítico do meu interlocutor que, mudando o rumo da sua argumentação, me questionou: “E quanto à filosofia, por que razão só há homens filósofos?” Sorri perante a provocação e afirmei, categoricamente: “Também há mulheres filósofas”.
De facto, não há nenhum gene ou questão hereditária que impossibilite as mulheres de reflectir filosoficamente (e desde a Antiguidade sempre o fizeram), porém, o preconceito associado à ignorância em muito contribuíram para o silenciamento dos seus textos.
Por fim, e com a intenção de aguçar a curiosidade do meu interlocutor, falei-lhe dos amores proibidos dos filósofos medievais Abelardo e Heloísa, da relação aberta de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir e do amor improvável de Heidegger e Hannah Arendt.



“Adeus, leitor amigo; tenta não gastares a tua vida a odiar e a ter medo” (Sthendal)

Fernanda Botelho

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Temos ou não controlo sobre aquilo que fazemos?

«(...) Imagina, por exemplo que te metes no carro e, antes de arrancares, percebes que a aba do teu casaco ficou presa na porta . O que fazes então? Abres a porta, ajeitas a aba, fechas a porta e arrancas. Perdeste cinco segundos neste processo. Quando chegares à primeira esquina, aparece um camião que te abalroa. Resultado, ficas paraplégico a vida toda. Agora imagina que não prendeste a aba do casaco na porta. O que acontece? Arrancas imediatamente o carro e chegas à esquina cinco segundos antes, não é? Olhas para a direita, vês o camião a aproximar-se, esperas que ele passe e depois prossegues a tua viagem. (...) Por causa da aba do casaco presa na porta do carro, perdeste cinco segundos que te vão fazer a diferença para o resto da vida.” (...) “Pequenas causas, grandes efeitos.”
“Tudo por causa de uma coisa tão pequena?”
“Sim. Mas atenção. Já estava determinado que tu irias prender a aba do casaco à porta do carro. É que vestiste mal o casaco de manhã. E vestiste-o mal porque acordaste mal disposto. E acordaste maldisposto porque dormiste pouco. E dormiste pouco porque te deitaste tarde. E deitaste-te tarde porque tinhas um trabalho para fazer para a faculdade. E tinhas esse trabalho a fazer por isto ou por aquilo. Tudo é causa de tudo e provoca consequências que se tornam causas de outras consequências, num eterno efeito de dominó , em que tudo está determinado mas permanece indeterminável. O próprio motorista de camião podia ter travado a tempo, mas não o fez porque viu uma rapariga bonita a passar e olhou para o lado. E a rapariga passou ali naquele instante porque se atrasou. E ela atrasou-se por causa de um telefonema do namorado. E o namorado ligou-lhe por isto ou por aquilo. Tudo é causa e consequência.»


José Rodrigues dos Santos, A Fórmula de Deus

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

7 ideias filosóficas que toda a gente deveria conhecer

O livro que, no dia internacional da filosofia, sugerimos chama-se “7 ideias filosóficas que toda a gente deveria conhecer” e o autor é Desidério Murcho (n.1965), professor de Filosofia na Universidade Federal de Ouro Preto (Brasil). Escrito de forma acessível e cativante é o livro ideal para estudantes de filosofia e não só...

O importante tanto hoje como todos os dias é não fechar as portas ao pensamento!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Porque amanhã é o Dia da Filosofia

Em 2002, a UNESCO institui a comemoração do Dia da Filosofia na terceira quinta-feira do mês de novembro. Com este dia pretende-se assinalar a importância do questionamento filosófico e salientar o valor do debate de ideias.
“Ousa pensar”, como diria o filósofo alemão Immanuel Kant, e, amanhã, dia 17 de novembro de 2011, utiliza o blogue “Dialogar” como um espaço privilegiado para a argumentação e o debate de ideias.
Sugestões de temas? Ilimitadas como o próprio objeto da filosofia…


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Se a adolescência fosse uma música seria...





Esta é a irreverente escolha do 10º F, em resultado de um processo democrático de votação realizado na sala de aula.
Mas o que terá conduzido à escolha do clássico “ Another brick in the Wall”? Uma crítica a um modelo de ensino autoritário? Uma rejeição de um modelo social assente na reprodução de normas e valores? Uma afirmação de inconformismo e autonomia?

“Ouse pensar” e deixe aqui um comentário!

Se a adolescência fosse um poema seria...



Se a adolescência fosse um poema seria... Na minha opinião, "Cântico Negro" de José Régio (1901-1969).


E por que razão? A discutir na próxima aula de Formação Cívica.