Decorridos dois anos, penso que vale a pena relembrar, aqui, neste diário virtual as palavras um dia registadas no diário físico de uma turma muito singular…
«Vila Real, 8 de Março de 2010
Após um longo dia de trabalho (são 23 horas e ainda não encerrei a jornada…) sento-me diante do diário do 10ºB e penso. Penso que, por uma feliz coincidência, guardarei as palavras das minhas alunas e alunos, na data em que se comemora os 100 anos do Dia Internacional da Mulher.
É verdade já passaram 100 anos, desde que numa conferência internacional de mulheres realizada em 1910 na Dinamarca, foi decidido homenagear as operárias de uma fábrica têxtil de Nova Iorque que, no dia 8 de Março de 1857, entraram em greve para reivindicarem melhores condições de trabalho. A greve foi violentamente reprimida pelas forças policiais e mais de cem mulheres acabaram por morrer queimadas, em consequência de um incêndio que, entretanto, deflagrou na fábrica onde se encontravam fechadas.
E,hoje, alguém me perguntou: “E ao fim de todo este tempo, ainda se justifica assinalar este dia?” Acrescentando, de imediato: “Afinal, não são as mulheres numericamente superiores aos homens?”.
Ignorei o óbvio cinismo presente nestas questões e argumentei com factos que demonstram que, hoje, as mulheres são as vítimas mais frequentes de maus tratos, desigualdade, discriminação, ignorância e preconceito.
Mas as minhas palavras despertaram ainda mais o espírito crítico do meu interlocutor que, mudando o rumo da sua argumentação, me questionou: “E quanto à filosofia, por que razão só há homens filósofos?” Sorri perante a provocação e afirmei, categoricamente: “Também há mulheres filósofas”.
De facto, não há nenhum gene ou questão hereditária que impossibilite as mulheres de reflectir filosoficamente (e desde a Antiguidade sempre o fizeram), porém, o preconceito associado à ignorância em muito contribuíram para o silenciamento dos seus textos.
Por fim, e com a intenção de aguçar a curiosidade do meu interlocutor, falei-lhe dos amores proibidos dos filósofos medievais Abelardo e Heloísa, da relação aberta de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir e do amor improvável de Heidegger e Hannah Arendt.
«Vila Real, 8 de Março de 2010
Após um longo dia de trabalho (são 23 horas e ainda não encerrei a jornada…) sento-me diante do diário do 10ºB e penso. Penso que, por uma feliz coincidência, guardarei as palavras das minhas alunas e alunos, na data em que se comemora os 100 anos do Dia Internacional da Mulher.
É verdade já passaram 100 anos, desde que numa conferência internacional de mulheres realizada em 1910 na Dinamarca, foi decidido homenagear as operárias de uma fábrica têxtil de Nova Iorque que, no dia 8 de Março de 1857, entraram em greve para reivindicarem melhores condições de trabalho. A greve foi violentamente reprimida pelas forças policiais e mais de cem mulheres acabaram por morrer queimadas, em consequência de um incêndio que, entretanto, deflagrou na fábrica onde se encontravam fechadas.
E,hoje, alguém me perguntou: “E ao fim de todo este tempo, ainda se justifica assinalar este dia?” Acrescentando, de imediato: “Afinal, não são as mulheres numericamente superiores aos homens?”.
Ignorei o óbvio cinismo presente nestas questões e argumentei com factos que demonstram que, hoje, as mulheres são as vítimas mais frequentes de maus tratos, desigualdade, discriminação, ignorância e preconceito.
Mas as minhas palavras despertaram ainda mais o espírito crítico do meu interlocutor que, mudando o rumo da sua argumentação, me questionou: “E quanto à filosofia, por que razão só há homens filósofos?” Sorri perante a provocação e afirmei, categoricamente: “Também há mulheres filósofas”.
De facto, não há nenhum gene ou questão hereditária que impossibilite as mulheres de reflectir filosoficamente (e desde a Antiguidade sempre o fizeram), porém, o preconceito associado à ignorância em muito contribuíram para o silenciamento dos seus textos.
Por fim, e com a intenção de aguçar a curiosidade do meu interlocutor, falei-lhe dos amores proibidos dos filósofos medievais Abelardo e Heloísa, da relação aberta de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir e do amor improvável de Heidegger e Hannah Arendt.
“Adeus, leitor amigo; tenta não gastares a tua vida a odiar e a ter medo” (Sthendal)
Fernanda Botelho
Fernanda Botelho
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