quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Simples

«é o que as palavras simples têm de simpático, não sabem enganar.»

(José Saramago, in "Ensaio sobre a Lucidez")

À tua Espera...

(Fotografia de Pedro Campos)


"Estiveste sentado,
aí onde o silêncio te fez companhia
e a saudade – bem se sabe – doía

magoava e dói ainda
mesmo depois do correr dos dias
quase levarem para longe
o rosto que ainda guardas na memória

e sentes o aroma a flores acabadas de colher
e a maciez da pele que tantas vezes tocaste
e quase adivinhas um beijo carregado de ternura
que, acordado do sonho, bem sabes não te ter sido dado

à tua volta, permanece o silêncio
e a água do mar chora a ausência
enquanto tu, no teu íntimo, sussurras:
“estou à tua espera”.

Cristina Barbosa

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

"Amizades Improváveis"

O livro "Unlikely Friendships” da escritora Jennifer S. Holland, especialista em Ciência e História Natural e colaboradora da prestigiada revista National Geographic, reúne 47 histórias de aproximação invulgar entre espécies de animais.
Uma obra que pode conduzir à redefinição do conceito de instinto animal e levar-nos a questionar o significado e o valor da amizade.

Afinal, no mundo humano, quantos amigos improváveis haverá?

Lermais:http://aeiou.expresso.pt/mundo-animal-amigosimprovaveis=f707524#ixzz1niUAMAng

Tempo

(Fotografia de Pedro Campos)


"Vamos acelerados. em verdadeira luta contra o tempo. antes não era assim. todo o tempo parecia ser nosso, de tão perfeito que ia de encontro aos nossos anseios... agora não. Ora corres tu, ora corro eu, quase parece que temos, não um comboio prestes a abandonar a estação, mas a vida a fugir-nos.
Teremos saúde para correr no seu encalço? Tropeçaremos numa qualquer raiz que teima em furar o solo?
Nestas alturas, apetece-me refilar, esqueço-me, porém, dos argumentos de peso e de que importam eles, na verdade? refilo para que me ouçam, mesmo quando não me sabem ouvir, não sabemos ouvir os outros, pois não? defeito humano, pois claro.
Chegamos, finalmente, ao comboio... a vida, essa, terá partido por aí. Deixemo-la e não digamos nada. valha-nos o silêncio. chega, bem sabemos.
O vento lá fora há muito que deixou de adivinhar tempestade."

Cristina Barbosa

Prémio Nobel da Literatura - 2003







«Quando todas as luzes se apagam, sorrio na escuridão.»

in "No Coração desta Terra",
de J. M. Coetzee.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Saudade...

«Nos olhos dela habitava a bondade. Um doce sorriso embalava-lhe os lábios, e a face transparecia a tranquilidade interior de quem não fora punida pelo despeito nem agredida pelo ressentimento. Era ainda nova: vivia na linha de sombra que tenuemente divide a idade das pessoas, entre maduras e velhas. [...]»

|de Baptista-Bastos, jornalista e escritor português,
que hoje faz 78 anos.|

Viagem do Elefante


«Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam»

José Saramago

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ouvir Zeca e sonhar com um mundo melhor!


Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada

Outra que eu souber será pra ti
ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô (bis)
Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme quinda à noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer

Zeca Afonso 25 anos depois.

Hoje, dia 23 de Fevereiro, assinala-se o dia da morte do cantor Zeca Afonso.
José Afonso, uma das maiores referências da música de intervenção portuguesa, morreu há 25 anos, aos 57 anos de idade, vítima de esclerose lateral amiotrófica.
O compositor, ícone de uma geração, notabilizou-se por ter sido o autor da canção «Grândola, Vila Morena», que foi a senha da Revolução do 25 de Abril de 1974.
Para recordar o poeta, o músico, o intérprete e o ativista pela liberdade, sugere-se uma visita ao site da Associação José Afonso ( http://www.aja.pt/)

Dentro do cérebro: uma viagem interativa

Clique: http://www.alz.org/brain_portuguese/ e prepare-se para iniciar uma fantástica viagem dentro do cérebro humano. Aqui encontrará 16 slides interativos que explicam o funcionamento do cérebro e como a doença de Alzheimer o afeta.

"O Homem que confundiu a mulher com um chapéu" de Oliver Sacks

Eis um pequeno excerto desta obra, lançada em 1985, e que reúne múltiplas histórias de casos verdadeiros de patologias neurológicas. Este livro acompanha a luta de doentes com esquizofrenia, a doença de Alzheimer, síndrome de Tourett, autismo, entre outras doenças de natureza neurológica.

«(...)O Dr. P. era um músico distinto, muito conhecido por ter sido cantor durante bastantes anos e por, mais tarde, ter começado a ensinar na escola de música local. Foi aí, em relação aos seus alunos, que se reparou pela primeira vez em alguns dos seus estranhos problemas. Às vezes, quando um aluno intervinha nas aulas ele não o reconhecia, mais exactamente, não reconhecia o seu rosto. Assim que o aluno começava a falar o Dr. P. reconhecia-o pela voz. Estes incidentes tornaram-se cada vez mais frequentes causando vergonha, perplexidade, medo e por vezes situações cómicas porque o professor não só não reconhecia os rostos como os via onde eles não existiam. Como se fosse um pitosga a passear na rua, fazia festas nas bocas de incêndio e nos taxímetros convencido de que estava a acariciar crianças, dirigia-se educadamente aos candeeiros, e ficava muito admirado por não receber resposta. (...)»

Quem é Oliver Sacks?

«O médico e escritor inglês Oliver Sacks nasceu em 1933, em Londres, sendo filho de um casal de físicos. Formou-se como médico em Oxford e no início da década de 60 mudou-se para os Estados Unidos da América. Neste país estudou em regime de internato em São Francisco e, posteriormente, frequentou neurologia na Universidade da Califórnia em Los Angeles. Em 1965 foi viver para Nova Iorque, onde se tornou professor de neurologia na Escola de Medicina Albert Einstein, professor assistente de neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque e consultor de neurologia numa instituição de caridade.
Em 1966 começou a trabalhar, também como neurologista, no Hospital Berth Abraham, no Bronx, em Nova Iorque. Aqui lidou com um grupo de doentes, que se caracterizavam por estar décadas num estado catatónico, incapazes de fazer qualquer tipo de movimento. Constatou que esses doentes eram os sobreviventes de uma grande epidemia da doença do sono que assolou o mundo entre 1916 e 1927. Tratou-os então com um medicamento novo, o L-dopa, que permitiu que eles regressassem a uma vida normal. Este caso inspirou-o a escrever em 1973 o livro Awakenings, a sua segunda obra literária, que viria a servir de inspiração a Harold Pinter para escrever a peça de teatro A Kind of Alaska e à realizadora Penny Marshall a fazer o filme Despertares. Este filme, estreado em 1990, tinha como actores principais Robin Williams, no papel de Sacks, e Robert De Niro.
Mas ainda antes deste filme estrear, Sacks tinha-se tornado conhecido, especialmente nos Estados Unidos da América, com o livro The Man Who Mistook His Wife for a Hat (O Homem que confundiu a mulher com um chapéu). Esta obra, lançada em 1985, era uma colecção de histórias de casos verdadeiros nos limites das experiências neurológicas. Tratava-se do relato de histórias da luta de doentes com a esquizofrenia, a doença de Parkinson, a doença de Alzheimer, síndrome de Tourett, autismo, etc. Em 1989 Oliver Sacks foi distinguido pela Fundação Guggenheim pelo seu trabalho na área por ele designada de neuroantropologia da Síndroma de Tourette, na qual os doentes têm tiques involuntários. O estudo analisa, nomeadamente, o modo como era percepcionada a doença em diferentes culturas.
Os seus livros, escritos desde 1970 e traduzidos para mais de vinte línguas, tornaram-se campeões de vendas e ganharam diversos prémios em todo o mundo, sendo utilizados em aulas nas universidades. Inspiraram também artistas de diversas áreas culturais. Mas Sacks notabilizou-se também pelos seus escritos na Imprensa, tanto generalista como especializada em medicina.
Oliver Sacks é membro honorário da Academia Americana de Artes e Letras, da Academia Americana de Artes e Ciências e da Academia das Ciências de Nova Iorque.»

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Na Noite Terrível

«[...]
Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido —
Isso é que é morto para além de todos os Deuses,
Isso — e foi afinal o melhor de mim — é que nem os Deuses fazem viver...

[...]

Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei.
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar?
Esses sim, os sonhos por haver, é que são o cadáver.
Enterro-o no meu coração para sempre, para todo o tempo, para todos os universos.
Nesta noite em que não durmo, e o sossego me cerca
Como uma verdade de que não partilho,
E lá fora o luar, como a esperança que não tenho, é invisível p’ra mim.»


Álvaro de Campos
"Na noite terrível"

Lágrima

«Há lágrimas nos teus olhos
e oiço sem querer o meu povo chorar:
soubesses tu que tudo o que me dizes
é a sombra do que não me podes dar.»

Carlos de Oliveira

Reflexão

«A gente está sempre a tropeçar, mesmo quando o caminho é liso, é assim o destino humano: quando não nos enganamos no essencial, enganamo-nos nos pormenores. Ninguém conhece a verdadeira verdade. Na procura da verdade, as pessoas dão dois passos em frente e um atrás. Os sofrimentos, os erros e o tédio da vida lançam-nos para trás, mas a sede da verdade e a vontade teimosa impelem-nos sempre em frente. Quem sabe? Talvez um dia se alcance a verdadeira verdade.»

in "O Duelo",
de Anton Tchekhov

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Fim do Mundo Está Próximo?



" Este livro é sobre matemática[...]
A matemática é uma ciência, e como tal o seu domínio exige esforço. Não é fácil. Mas quem o consiga, ao contrário do que ocorre no arco - íris, está mesmo guardado um pote de ouro no final do caminho. Esse pote de ouro é a compreensão do porquê das coisas, é a capacidade de verificar que aquilo que parecia completamente distinto afinal partilha relações profundas e que a matemática, e mesmo a ciência em geral, não está dividida em compartimentos estanques."
Jorge Buescu

Os Reinos do Caos


" Esta é a obra-prima da fantasia moderna e reúne o que de melhor o género tem para oferecer: magia, mistério, intriga, romance e aventura."
Locus