segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Vive o Dia de Hoje!


          Imagem: Nasa/ESA - Hubble Ultra Deep Field

«Não penses para amanhã. Não lembres o que foi de ontem. A memória teve o seu tempo quando foi tempo de alguma coisa durar. Mas tudo hoje é tão efémero. Mesmo o que se pensa para amanhã é para já ter sido, que é o que desejamos que seja logo que for. É o tempo de Deus que não tem futuro nem passado. Foi o que dele nós escolhemos no sonho do nosso absoluto. Não penses para amanhã na urgência de seres agora. Mesmo logo à tarde é muito tarde. Tudo o que és em ti para seres, vê se o és neste instante. Porque antes e depois tudo é morte e insensatez. Não esperes, sê agora. Lê os jornais. O futuro é o embrulho que fizeres com eles…»

Vergílio Ferreira, in ESCREVER (livro publicado postumamente) Lisboa, Bertrand Editora, 2001

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Ciclo de Cinema sobre Direitos Humanos

A equipa do GIAA agradece aos alunos e professores presentes no Ciclo de Cinema sobre os Direitos Humanos.


Consideramos que foram globalmente atingidos os objetivos definidos e já estamos a pensar no próximo ciclo de cinema, a realizar no final do 2º período.
E como eco desta iniciativa, aqui fica a apreciação dos alunos do 11ºI.

A plateia
" In the end love overcame all the barriers"

In the “Area de Integração” and English classes of the 11th December, the students of  11th  I watched the movie “Slumdog Millionaire”. The activity “  Five days, Five movies” was organized by GIAA and started on December 10, the day it is celebrated the Universal Declaration of Human Rights.
The story is based on true events of the Mumbai’s people’s life.
The plot is about the abuse of human rights, mainly children’s rights.  Jamal, Salim and Latika, like many other Indian children, didn’t have the right to education, to health, to entertainment or happiness and they had to suffer in order to be happy.
These children were constantly abused by people with power but in the end love overcame all the barriers.
The class considers the movie was worth watching and it was a good way to debate ideas on such an important issue.

The students of 11th I  

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Avesso - Uma metáfora dos nossos dias?

O Avesso, Tiago Chaves (2012)

“O Avesso” de Tiago Chaves


“Raspem”.

Vida despreocupada que se levava. A terra que se pisava era firme e dela brotavam sempre plantas que cresciam e nos davam frutos. E tudo o mais que era resultado do natural desenvolvimento, para algo nos servia.

E tudo ocupava um lugar. E todos os que o desocupassem, facilmente assumiriam um outro, sem grande preocupação quanto ao que tinham ou não que se cingir para o fazerem.

Lembro-me duma relativa harmonia. Um relativo equilíbrio. Uma terra relativamente farta, abençoada pela posse.

“Esgravatem mais!”.

O tempo passava sem se ter grande noção. Os aparelhos e coisas que nos diziam serem indispensáveis abundavam e eram de uma acessibilidade facilitada, ocupando o lugar de qualquer preocupação que pudesse existir.

E as necessidades mudaram. Acresceram em quantidade e visibilidade e opinião alheia. Era-nos dado um olhar esbugalhado de admiração perante o brilho das invenções que era imperioso adquirir.

Mais posse.

“Mais fundo!”.

E comprámos mais. E produzimos mais, mas cada vez menos. Cada vez maior era a nossa insignificância. Pequenos em possibilidade mas enormes em ganância. Nada nem ninguém nos parou de nos nivelarmos com outras terras cujas possibilidades se igualaram ou pioraram em relação às nossas.

E outros que tanto nos tiraram sem pedir, fizeram-no sempre com o nosso consentimento mudo.

Ainda assim, erguem-se bandeiras, cantam-se e marcham-se hinos, de mão no lado esquerdo. Erguem-se panos de sangue perdido e terras conquistadas com ferro e fogo e sangue frio. E romperam todas as regras que os ultrapassavam e que lhes assumiam uma insignificância extrema.

“Continua!”.

O quadro foi virado contra a parece. A história enche-se de vergonhas e arrependimentos. A tinta da pintura foi demasiado emendada, corrompendo a essência errada que possuía. São postos panos para que nem a moldura se compreenda. Mas eles caem.

Tudo se descobre e se entende.

Aquilo que criaram vira-se agora contra vós. Queriam juntar tudo no mesmo tacho e conseguir uma consistente densidade.

Mas é água e azeite.

Não vos penetramos, nem vós a nós.

Podem ser atiradas pedras e tudo mais. A vergonha está pintada e escrita e lida e vista e ouvida por todos aqueles que desrespeitais, mesmo estando vós em minoria.

Sois ignorantes, mas prevaleceis com o pão ao alto. E nós, porque somos brutos e ensinados pela vossa ignorância, não sabemos como chegar ao vosso pão que, enquanto nos alimentou, nem sequer nos questionámos de onde vinha.

E hoje apanhamos as migalhas que desse pão caem. Desenfreadamente nos trepamos para sermos os primeiros a chegar às migalhas que são cada vez menos.

As que no chão caem são engolidas pelo solo lamacento, humedecido pela saliva da vossa fome infindável.


E esgravatamos para as desenterrarmos e comermos para ter algo na boca. Só para ter algo na boca. Só para absorver a saliva.

Nem ergueis a cabeça para outra coisa que não empurrar quem vos tenta roubar a minúscula migalha que encontrais.

Quando derem por vocês mesmos sem mais por onde esgravatarem, tentareis trepar o muro de lama que o vosso buraco criou. Mas é fundo demais e o muro demasiado mole.

Aos poucos desaba em vós e lá ficareis. E sereis esquecidos, porque nem sequer por serem lembrados se esforçaram.

Assim será o percurso da maioria que não ergue a cabeça: a esgravatarem até que as unhas se recusem a ficar nas mãos.


E a vossa ambição por mais migalhas vos consumirá.

A migalha irá assumir extrema relevância. Já a tem. Já matais por ela.

A vossa racionalidade está a ser consumida pela necessidade física. Porque não passais de animais.

Podeis ouvir ensinamentos. Podeis contar lamentos. Mas os vossos cérebros não mais são que lamacentos.

Mas continuai a dar.

“Dá-me”.

Tirai.

“Dá-me”.

Comei.
 
Tiago José Chaves (11ºF, nº15)


21/11/2012
Projeto de Natal
Desenho A - Professora Fernanda Martins


domingo, 9 de dezembro de 2012

Sessão sobre “Os jovens e o emprego: Que futuro?”


No dia 6 de dezembro, pelas 10:05, decorreu, no auditório da ESCCB, uma sessão de esclarecimento sobre “Os jovens e o emprego: Que futuro?” com o objetivo de sensibilizar os alunos do ensino secundário para o tema da edição deste ano do Parlamento dos Jovens.
Nesta sessão compareceram os alunos das turmas C e I do 11º ano, acompanhados pelos docentes Maria João Cunha e Paulo Pomar.




A atividade "Word café."
 O evento foi dinamizado pelas sociólogas Maria José Vicente (Coordenadora do Núcleo Regional do Norte da EAPN Portugal) e Catarina Oliveira (Técnica do Núcleo Distrital de Vila Real da EAPN). Recordamos que a EAPN Portugal é uma associação de solidariedade social que há cerca de 20 anos luta contra a pobreza e exclusão social no nosso país.

As metodologias ativas utilizadas no decorrer da sessão (com destaque para a atividade “Word café”) despertaram a atenção do público-alvo e propiciaram uma reflexão sobre as temáticas do trabalho digno, economia informal e criação do autoemprego.

No final, alunos, professores e convidadas consideraram que foram globalmente atingidos os objetivos da sessão e, na opinião do docente Paulo Pomar, professor e diretor de turma do 11ºI “a iniciativa desenvolvida, de forma muito espontânea e empática, terá certamente contribuído para que os nossos alunos participem na próxima edição do parlamento jovem, efetivando assim a sua cidadania e desmontando dessa forma a ideia de que os nossos alunos se encontram distantes dos interesses/valores da cidadania.

A ESCCB, no decorrer dos últimos anos letivos, tem concretizado várias iniciativas com o núcleo distrital da EAPN, tendo em vista  a formação cívica e cultural dos nossos alunos. E também esta sessão sobre "Os jovens e o emprego" contribuiu para o desenvolvimento de um pensamento informado, crítico e responsável. Obrigada a todos!