quinta-feira, 21 de junho de 2012

Projeto de Educação Sexual_10ºG
Os alunos do décimo ano de Artes Visuais realizaram ilustrações para as Histórias que criaram sobre o tema do seu projeto, O Aborto.
Inspiraram-se nas ilustrações da pintora Paula Rego, Série "Aborto", realizadas entre 1997 e 1999.

Para ver e refletir...

Algumas das ilustrações de Paula Rego
Série "Aborto" 1997-1999

















TRABALHOS REALIZADOS PELOS ALUNOS


TRABALHO DO GRUPO 1
Alexandra Vaz
Ana Cabeço
Tamára Silva 
Teresa Lopes

HISTÓRIA

Havias - me dado este lenço… Este que carrego na cabeça como fardo árduo do nosso amor passado. Suja, fria, outrora, esta casa estava repleta de algo que defini como paixão. Paixão que nunca foi mais que mera ignorância, crueldade, frieza. O silêncio persegue-me após os prantos de dor, lágrimas que escorrem como ribeiros livres, sangue, como mar morto que se expandirá sobre a minha cama, sobre a minha alma.
Tudo começou no campo. Pleno verão, campos sem fim na minha aldeia. Tua nunca foi. Chegaste como turista, grande empreendedor. As minhas mãos, sujas do trabalho no campo, apertavam as tuas, tão limpas.
A partir desse dia, continuamos a ver-nos. Eu trabalhando e tu, nesse pedestal de aristocrata “gentleman”, patrão. Disseste que me amavas pelos meus olhos pretos que te lembravam a escuridão de uma noite. E essa noite aconteceu, apenas uma. Tão duro o meu destino que deixei em sorte aos deuses… nessa noite. A minha ignorante alegria! Como pude eu ficar alegre por carregar no ventre a nossa junção?!...
Partiste. Fugiste de tudo aquilo em que tinhas criado raízes. Arrancaste-as, com as tuas próprias mãos tão limpas, que outrora me tocaram como nunca antes havia algum homem feito. Tinhas sido tu a razão para que os meus olhos pretos se transformassem em estrelas, que nessa escuridão houvesse um brilho, um motivo.
Mas eu era apenas uma entre muitas que deixavas apenas por serem trabalhadoras, apenas por lavrarem os campos infinitos com as mãos, apenas por levarem com a chuva, a lama, o adubo… Mal soubeste do pobre que no meu ventre crescia, tal rebento…Partiste. Nada deixaste, levaste talvez a esperança e o meu amor. Tal qual herbicida, partiste.
Como raízes que arrancaste da terra, também eu arrancarei este rebento. Também eu arrancarei a minha única felicidade, este ser que poderia transformar a escuridão em luz. Também eu vou arrancar este amor!

ILUSTRAÇÃO

 


TRABALHO DO GRUPO 2
Ana Rita Carneiro
Maria João Costa
Marta Teixeira
Nina Milhões

HISTÓRIA

Chama-se Sandra e é, bem, era uma rapariga de bem com a vida, feliz, com ambições, enfrentado apenas os problemas de uma jovem mulher para a sua idade, 17 anos.
Era sexta-feira, 13 de Novembro de 1999, e Sandra tinha ido dar uma volta com os seus amigos ao parque da cidade do costume. Antes da meia - noite, separaram-se para ir para suas casas. Sandra não tinha de andar mais de 100metros, mas esse espaço foi suficiente para acontecer uma tragédia. Foi abordada por um homem que a violou! Era um homem robusto, agressivo e cruel! A sua crueldade não teve castigo devido à escuridão da fria noite de Novembro.
Sandra contou aos seus pais e o choque atingiu a sua família! Foram imediatamente à polícia e ao hospital e, para piorar a situação, veio a descobrir-se que estava grávida! Foi um ano de dor e o aborto que fez ainda a deixou mais transtornada.
Passou a consultar um psicólogo e a sua vida mudou por completo… Durante uns dias, apenas se deitava no seu quarto e chorava, revoltada com a vida. 
Foram muitas as noites passadas em claro, com medo do escuro; quando finalmente adormecia derrubada pelo cansaço, acordava a suar devido aos pesadelos. Os gritos não lhe saíam da cabeça e aquelas mãos grosseiras e pecadoras tocavam-na todos os dias. Agonia!


ILUSTRAÇÃO


 
TRABALHO DO GRUPO 3
Cláudia Martins 
Rafaela Barandas

HISTÓRIA

Querido Diário,
Hoje deparei-me com uma situação que mexeu comigo e me deixou um pouco abalada.
Estava no hospital a atender uma paciente, quando entra uma miúda com os seus 16anos, desesperada, a gritar por ajuda. Entrei em pânico sem saber o que tinha acontecido. Quando ela disse que tinha sido violada, implorando que lhe fizesse um aborto, os meus sentidos pararam…
Perguntei-lhe se ela tinha consciência do que estava a dizer, mas ela mostrou-se decidida em abortar. Não a contrariei, pois não consigo imaginar o que ela podia estar a sentir.
É verdade que o aborto, hoje em dia, já pode ser feito até às doze semanas...felizmente! Depois de encaminhar a miúda para p gabinete do psicólogo e assistente social, contíguo ao meu, pus-me a pensar... Lembrei-me de uma história verídica que a minha avó me contava muitas vezes.
Tratava-se de uma rapariga, mais ou menos da mesma idade, que engravidara. Como a minha avó era parteira, pediram-lhe ajuda. Devido à falta de condições que havia na altura, ao provocar o aborto, a menina morreu. Lutou pela vida, pela sobrevivência, mas não foi forte o suficiente. A minha avó avisou-a de que não ia ser fácil. Não havia os devidos meios para que corresse bem a cem por cento. Não havia operações nem anestesias, nem sequer higiene suficiente. Não havia um simples comprimido, como há hoje, que, ao ser engolido, mata uma vida, por cruel que soe...
Volvidos tantos anos, ainda hoje me vem essa imagem a cabeça, quando me deparo com esta terrível imagem: uma criança inocente que se esfrega com as dores, numa cama coberta de lençóis, com um balde ao seu lado, enquanto a minha avó tentava limpar o sangue que lhe escorria pelo corpo…
É triste pensar nas pessoas que passaram por isto até há umas décadas atrás. Ainda bem que hoje há se pode realizar o aborto medicamente assistido, o que desdramatiza, de alguma forma, pelo menos em termos de saúde, a tragicidade do momento.
 Bem, o dia de amanhã espera-me. Tive um dia bastante complicado e estou exausta, mas, felizmente, tudo acabou bem. A miúda, de apenas dezasseis anos, ganhou coragem para contar aos pais que a apoiaram na decisão já tomada. Pelo menos, não se sentirá tão só…
    Amanhã trago-te mais notícias. Até lá! 

ILUSTRAÇÃO





TRABALHO DO GRUPO 4
 Cristiana Correia
Sara Carvalho 
Tânia Sousa

HISTÓRIA

01/05/2012
Querido Diário,
Oh meu Deus! Nem quero acreditar!... Estou com um atraso de 2 semanas e ainda não disse ao Nuno. Ontem discutimos e ele anda a evitar-me… Tenho medo que as minhas dúvidas se tornem certezas e se isso acontecer, não sei como vou contar ao Nuno e não sei a reacção dos meus pais. Amanhã tenho de fazer o teste (…)
                                                                                      
03/05/2012
DEU POSITIVO! O que vai ser da minha vida?! Sou tão jovem, isto não podia ter acontecido! Acho que não tenho coragem para contar aos meus pais… a única opção é não ter esta criança! Isto parece um pesadelo, podia ter dúvidas mas já o confirmei 3 vezes! (…)

05/05/2012
Hoje o Nuno esperou-me á porta do colégio. Finalmente consegui dizer-lhe e a reacção não podia ter sido pior! Virou-me as costas e deixou-me lá a chorar! É óbvio que não quer ter este filho… acho que ele podia ter respeito por mim e por uma ‘’coisa’’ que é nossa. Afinal, somos ambos culpados e temos a mesma responsabilidade!
                                                                                                                     
09/05/2012
Hoje o Nuno teve uma conversa muito estranha comigo! Falou-me de uns comprimidos para fazer o aborto. Ao início, fiquei feliz pois vou tirar este ‘’peso’’ de cima de mim, mas, depois, comecei a pensar e acho que já me estava a habituar á ideia de ter este bebé, pois está dentro de mim ! E não quero matar um filho meu ! Tenho medo e estou confusa … Não quero perder o Nuno …

13/05/2012
É já amanhã! Vou fazer o aborto. O Nuno disse para não me preocupar com o local pois ele tratava de tudo e que me ia buscar no fim das aulas! Estou nervosa… Tenho medo das consequências … Será que vou por a minha saúde em risco ?! (…)
                                                          
23/05/2012
Foi HORRIVEL! Aquele local, sem condições, um sítio que nunca vi nem nunca mais quero ver! Era uma casa velha, com uma cama antiga e um sofá pequeno… Aquele local era arrepiante!...Tomei o tal comprimido que o Nuno falou e comecei a sentir algumas dores, como se me estivessem a dar ‘’pancadas’’ na barriga! Depois destas dores, passou… já não estou grávida e cheguei a casa muito cansada…

26/05/2012
Continuando a minha ‘’história’’, os meus pais andavam desconfiados de algo, mas nunca descobriram. Quanto ao Nuno, depois de tudo e de todo o meu sofrimento, ignorou a minha dor e apercebi-me que era um amor falso senão não me fazia passar por isto ‘’sozinha’’. A nossa relação chegou ao fim, e este pesadelo também. Apesar de tudo, hoje, penso se foi a melhor opção. Como seria se aquela criança ainda existisse dentro de mim? Se ainda estivesse grávida, tinha hoje pouco mais de 1 mês… Aprendi uma grande lição! Afinal o amor não é tudo e não nos podemos deixar levar por impulsos … Devemos fazer tudo com responsabilidade e pensar sempre antes de agir.

ILUSTRAÇÃO




 



TRABALHO DO GRUPO 5
 Nuno Silva
Paulo Cunha
Luís Silva
Vasco Rafael Carvalho
Tiago Chaves 
Pedro Fonseca

HISTÓRIA
 
O meu nome é Helena Salgueiro. Tenho 37 anos, sou casada há 10, tenho 2 filhos e vou contar o meu maior remorso.
            Tudo começou no nosso 10º aniversário de casamento, apesar de o meu marido nem sequer se ter lembrado da data…
            Ele é um empresário bem sucedido e dedicado ao seu trabalho, esquecendo-se, por vezes, de que tem uma família. Talvez por isso a minha vida se tenha tornado confusa e tenha cometido os erros que cometi.
            O meu filho Ricardo tem 13 anos e é portador de Trissomia 21, o que requer cuidados a tempo inteiro. A minha filha Raquel tem 9 anos e, graças a Deus, é perfeitamente saudável.
            Visto o meu marido ter um salário deveras confortável, nunca houve a necessidade que eu trabalhasse, podendo, por isso, dedicar-me à casa a tempo inteiro.
            Todas estas situações tiveram um certo peso para que eu começasse a adoptar outros comportamentos, não sendo esses dignos de uma mulher de família.
            O Filipe. Ele tem 42 anos e é director de uma empresa de marketing. Conheci-o há uns anos, não me lembro bem como e, desde então, nunca mais perdemos contacto um com o outro, vendo-nos regularmente, tendo ele até jantado diversas vezes em minha casa.
            Durante um desabafo acerca do meu cansaço devido à minha rotina familiar, começámos a ver-nos com um olhar diferente…
            Foi mais forte que nós. Beijámo-nos, de beijos a sexo e de sexo passou a uma traição. duradoura, por assim se dizer. Era o meu amante…
            A minha menstruação estava atrasada e as minhas suspeitas confirmaram-se: estava grávida! Não sabia o que fazer. Quando soube, fiquei petrificada…
            Chegámos a um consenso, eu e o Filipe. Ele nunca se despreocupou ou acobardou, embora soubesse que era errado assumirmos a relação e, pior ainda, ter um filho. Como tal, o aborto era a solução. Uma solução ilegal, mas era “ a solução”.
            As minhas mãos estão ensanguentadas. Os lençóis estão ensanguentados. Deixei de sentir dor. Todos estes episódios são as memórias que se reproduzem nos meus espelhos mentais. Já não tenho medo. Julgo já nem sequer ter nada. Só o remorso…

ILUSTRAÇÃO


HISTÓRIA:
Isabel Monteiro
(professora de Português)

A parteira 
Olhava com o olhar assustado e marejado de lágrimas aquele anjo ou diabo que a ia livrar de uma semente indesejada porque depositada no seu corpo num dia de muita champanha com a qual havia festejado o seu aniversário, os seus 18 anos…
Nem queria acreditar, quando, a tremer, entrou naquele quarto a cheirar a álcool, a lixívia, a desinfectante, de uma casa humilde no fim da rua do bairro onde ela própria vivia… Para ali entrou às escondidas, de noite, acompanhada pelo amigo de infância, agora pai da “coisa” que tinha dentro de si e desesperadamente devia tirar para acabar o martírio… Por ela, enfrentaria o céu e o inferno para criar o que, de há um mês a esta parte, já sentia ser seu, orgulhosamente seu, e desejava ver crescer…. Mas aquele que lhe havia servido copos de champanhe toda a noite, aquele que lhe havia afagado o ventre, o sexo e as lágrimas, não queria e ameaçava renegar o fruto que no seu ventre se desenvolvesse. Que mais poderia fazer…e no entanto…
Abriu as pernas, imitando a parteira que no seu regaço segurava uma bacia assustadora que acolheria o que dela saísse desfeito, então, em sangue criminoso... Tremia de medo, de emoção, de medo do pecado que cometia, com medo do castigo que sabia que Deus guardaria para si e antevendo o terror de não voltar a ter a oportunidade de sentir vida a borbulhar nas suas entranhas…
-Não tenhas medo... Isto não custa nada… É como limpar o rabo a meninos…- disse irónico e insensível o diabo- A tua mãe nunca saberá de nada- acrescentou o anjo manipulando uns instrumentos a que, numa espécie de alucinação, assemelhava a machados e pistolas…
Não! Ela não era uma assassina e tinha corpo para trabalhar e sustentar uma criança… A sua criança…. Mãe teria e o pai… quem sabe… com o tempo….
Estava resolvido! Olhou corajosa e desafiadoramente aquela mulher que pretendia anular a existência de um ser a troco de dinheiro, levantou-se, atirou para o chão a manta inunda que lhe cobria o sexo, ouviu o som de uma bacia a cair, abriu a porta e saiu, sem olhar para o amigo, o amante, o progenitor que, sentado na sala contígua, balbuciou perplexo:
- Já?!...

 











quinta-feira, 14 de junho de 2012

Chocolate Cake

Será que o chocolate ajuda a obter bons resultados nos exames?


150g     all-purpose flower plus more for pan
280g     sugar
2 teaspoons baking powder
200g    butter
9    large eggs
1  chocolate tablet (200g) plus 1 for the covering
Pre heat the oven to 190ºC. Sift the flower with the baking powder. In a large bowl, cream the sugar with the yolks till the mixture is light and fluffy. Add the chocolate previously melted with the butter and stir. Add the flower mixture and stir some more. Whisk the egg whites firm at medium low speed and add them to the mixture. Bake in preheated oven for 35 to 40 minutes.

Chocolate recipes from our great grandmothers

Publicamos com apreço o trabalho realizado pelos alunos de Inglês do 12ºB e 12ºI e coordenado pela docente Delfina Rodrigues. Um texto que nos ajuda a compreender o que há de tão especial no chocolate…
History
Chocolate, the fermented, roasted and ground beans of the Theobroma Cacao had its originin the Americas and can be traced to the Makaya and other pre-Olmec people.
It was used by the Mayas and the Aztecs in royal and religious events and ceremonies. In some parts of the Aztec empire, the beans served as currency to pay the taxes, called “tributes” back then.
The Spaniards were responsible for introducing cocoa beans in Europe. Returning from his trip to the New World, Cortèz presented King Charles V with the beans along with the tools for preparing a bitter beverage much appreciated by the Mayas and the Aztecs. Cortèz also taught his countrymen how to improve the beverage greatly by adding it some refined sugar and milk, ingredients that were unknown to the Mexicans.
In the nineteenth century, John Cadbury developed a process of emulsification which allowed confectioners to make solid chocolate. And the chocolate bar was born.
Presently cocoa is also grown in Western Africa, where two thirds of the world’s cocoa is produced, with Côte D’Ivoire leading the market of producing countries, since it grows almost 50% of the total production.

Properties
The cocoa bean was a common currency throughout Mesoamerica before the Spanish conquest.
Cacao trees will grow in a limited geographical zone, of approximately 20 degrees to the north and south of the Equator. Nearly 70% of the world crop is grown in West Africa.
Chocolate was introduced to Europe by the Spaniards, and became a popular beverage by the mid-17th century. They also introduced the cacao tree into the West Indies and the Philippines.
Health Benefits
Chocolate and cocoa contain a high level of flavonoids, specifically epicatechin, which may have beneficial cardiovascular effects on health.
Prolonged intake of flavanol-rich cocoa has been linked to cardiovascular health benefits, though it should be noted that this refers to raw cocoa and to a lesser extent, dark chocolate, since flavonoids degrade during cooking and alkalizing processes. Studies have found short term benefits in LDL cholesterol levels from dark chocolate consumption. The addition of whole milk to milk chocolate reduces the overall cocoa content per ounce while increasing saturated fat levels, possibly negating some of cocoa's heart-healthy potential benefits. Although one study has concluded that milk impairs the absorption of polyphenolic flavonoids, e.g. (-) epicatechin, a followup failed to find the effect.
Hollenberg and colleagues of Harvard Medical School studied the effects of cocoa and flavanols on Panama's Kuna Indian population, who are heavy consumers of cocoa. The researchers found that the Kuna Indians living on the islands had significantly lower rates of heart disease and cancer compared to those on the mainland who do not drink cocoa as on the islands. It is believed that the improved blood flow after consumption of flavanol-rich cocoa may help to achieve health benefits in hearts and other organs. In particular, the benefits may extend to the brain and have important implications for learning and memory.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Lembranças...

Eugénio de Andrade (19-01-1923/ 13-06-2005)

«Pela manhã de Junho é que eu iria
pela última vez.
iria sem saber onde a estrada leva.
E a sede.»

E partiu numa manhã de Junho, o mês em que abundam as cerejas, curiosamente o fruto de que mais gostava. No mesmo dia em que, em 1888, nascera Fernando Pessoa. Hoje é dia de lembrarmos estes dois grandes poetas portugueses.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Declaração de Amor à Língua Portuguesa


Teolinda Gersão
Escritora
«Tempo de exames no secundário, os meus netos pedem-me ajuda para estudar português. Divertimo-nos imenso,confesso. E eu acabei por escrever a redacção que eles gostariam de escrever. As palavras são minhas,mas as ideias são todas deles.
Aqui ficam,e espero que vocês também se divirtam. E depois de rirmos espero que nós, adultos, façamos alguma coisa para libertar as crianças disto.
Redacção – Declaração de Amor à Língua Portuguesa
Vou chumbar a Língua Portuguesa, quase toda a turma vai chumbar, mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto:  No ano passado, quando se dizia “ele está em casa”, ”em casa” era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o predicativo do sujeito. “O Quim está na retrete” : “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita”. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete” é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Quim que se dane, com a retrete colada ao rabo.
No ano passado havia complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar etc., conforme se precisava. Mas agora desapareceram e só há o desgraçado de um “complemento oblíquo”. Julgávamos que era o simplex a funcionar: Pronto, é tudo “complemento oblíquo”, já está. Simples, não é? Mas qual, não há simplex nenhum,o que há é um complicómetro a complicar tudo de uma ponta a outra: há por exemplo verbos transitivos directos e indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo tempo, há verbos de estado e verbos de evento,e os verbos de evento podem ser instantâneos ou prolongados, almoçar por exemplo é um verbo de evento prolongado (um bom almoço deve ter aperitivos, vários pratos e muitas sobremesas). E há verbos epistémicos, perceptivos, psicológicos e outros, há o tema e o rema, e deve haver coerência e relevância do tema com o rema; há o determinante e o modificador, o determinante possessivo pode ocorrer no modificador apositivo e as locuções coordenativas podem ocorrer em locuções contínuas correlativas. Estão a ver? E isto é só o princípio. Se eu disser: Algumas árvores secaram, ”algumas” é um quantificativo existencial, e a progressão temática de um texto pode ocorrer pela conversão do rema em tema do enunciado seguinte e assim sucessivamente.
No ano passado se disséssemos “O Zé não foi ao Porto”, era uma frase declarativa negativa. Agora a predicação apresenta um elemento de polaridade, e o enunciado é de polaridade negativa.
No ano passado, se disséssemos “A rapariga entrou em casa. Abriu a janela”, o sujeito de “abriu a janela” era ela,subentendido. Agora o sujeito é nulo. Porquê, se sabemos que continua a ser ela? Que aconteceu à pobre da rapariga? Evaporou-se no espaço?
A professora também anda aflita. Pelo vistos no ano passado ensinou coisas erradas, mas não foi culpa dela se agora mudaram tudo, embora a autora da gramática deste ano seja a mesma que fez a gramática do ano passado. Mas quem faz as gramáticas pode dizer ou desdizer o que quiser, quem chumba nos exames somos nós. É uma chatice. Ainda só estou no sétimo ano, sou bom aluno em tudo excepto em português,que odeio, vou ser cientista e astronauta, e tenho de gramar até ao 12º estas coisas que me recuso a aprender, porque as acho demasiado parvas. Por exemplo,o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, cotexto, intertexto, hipotexto, metatatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas textuais, implicação e implicaturas conversacionais? Pois vou ter de decorar um dicionário inteirinho de palavrões assim. Palavrões por palavrões, eu sei dos bons, dos que ajudam a cuspir a raiva. Mas estes palavrões só são para esquecer. Dão um trabalhão e depois não servem para nada, é sempre a mesma tralha, para não dizer outra palavra (a começar por t, com 6 letras e a acabar em “ampa”, isso mesmo, claro.)
Mas eu estou farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles, excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo: haviam duas flores no jardim. Ou : a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes que já quase me parecem certos. Deve ser por isso que os ministros também os dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o totoloto. Embora às vezes até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só nos dão notícias de jornais e reportagens,ou pedaços de novelas. Estou careca de saber o que é o lead, parem de nos chatear. Nascemos curiosos e inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece, porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero.
E pronto, que se lixe, acabei a redacção – agora parece que se escreve redação.O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos. A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.
E agora é mesmo o fim. Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito.
João Abelhudo, 8º ano, turma C (c de c…r…o, setôra, sem ofensa para si, que até é simpática).»


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Sarau Cultural e Recreativo no Teatro de Vila Real

“Diz-me e eu esqueço, ensina-me e eu recordo, envolve-me e eu aprendo”.  
(B. Franklin )

Potenciais bailarinas em coreografias diversificadas
Foi o que aconteceu no  dia 6 de junho, pelas 21h30, no pequeno Auditório do Teatro de Vila Real, no  Sarau Cultural e Recreativo dinamizado pelos alunos do 7º A (alunos do ensino articulado da Música, do Conservatório de Vila Real e da ESCCB), turmas E e G do 8º ano de escolaridade e pelos alunos do Curso de Artes Visuais.
  


 
Um "Capuchinho vermelho" com problemas muito atuais 

Esta iniciativa com fins beneficentes (os donativos reverterão a favor de famílias carenciadas da freguesia de São Dinis) contribuiu, também, para o "exercício de uma cidadania ativa", como afirmaram as professoras Elza Costa Pinto e Isabel Machado. Este projeto, concebido no contexto da Formação Cívica do 3º ciclo, evidencia também a natureza humanista do projeto educativo da ESCCB.

A Diretora da ESCCB nos agradecimentos finais

A qualidade dos trabalhos apresentados e a recetividade manifestada pelo auditório permitiram aferir o sucesso da iniciativa que cumpriu integralmente os objetivos delineados e já expostos à comunidade educativa num artigo, na imprensa regional, da responsabilidade das professoras Elza Costa Pinto e Isabel Machado, mentoras deste projeto.
Desta iniciativa certamente saíram fortalecidas as relações interpessoais e autoestima de todos os intervenientes. Parabéns!


Pequenos grandes talentos musicais


Os alunos de Artes Visuais encantaram a plateia

O público mostrou-se entusiasmado



segunda-feira, 4 de junho de 2012

Momentos do Parlamento dos Jovens

Sala do Senado
Os deputados eleitos pelo círculo de Vila Real participaram, nos dias 28 e 29 de maio, na Sessão Nacional do Parlamento dos Jovens. Enquanto aguardamos a publicação da reportagem da jornalista Gabriela Sousa, aqui ficam registados em imagens alguns dos momentos vividos na Assembleia da República.
Os deputados do distrito de Vila Real


O distrito de Vila Real foi representado pelos deputados Diogo Pimentel Mendes Morais e João Pedro Ferreira Morais (Escola Júlio Carvalhal de Valpaços) e Pedro Miguel Almeida Baptista (12ºA) e António Fernando do Nascimento Teixeira (12ºI) da nossa escola.
Na qualidade de jornalistas participaram, ainda,  os alunos Adolfo Rafael (jornal “Caneta e papel” da Escola Júlio Carvalhal) e Gabriela Sousa (jornal digital “À Procura”).
Abertura solene do Plenário pela Presidente da Assembleia da República,
Dr.ª Maria da Assunção Esteves
A professora responsável pela coordenação do Programa na ESCCB felicita os supracitados alunos pela qualidade do trabalho desenvolvido nas diferentes fases da edição deste ano do Programa Parlamento dos jovens, subordinado ao tema “Redes Sociais: participação e Cidadania”. 
Professores e alunos na Sala do Senado
Por fim, um agradecimento especial a todos os que contribuíram para a realização deste projeto, com particular destaque para:
Dr. António Lapa, Técnico Superior do IPDJ de Vila Real, pela disponibilidade manifestada desde o início deste trabalho.
Dr.Vítor Figueiredo, professor responsável pela coordenação do projeto na Escola Júlio Carvalhal, pelo convívio e partilha de ideias sobre o estado da educação em Portugal.