terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Faz hoje 23 anos que morreu Fernando Namora, autor que o futuro certamente (re)descobrirá.


«nas pedras desabitadas ainda ressoam palavras; não as ouves? Há quem pense que cada vida deixa nas coisas um eco que dura anos, séculos»

em "Domingo à Tarde",
de Fernando Namora

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O Papalagui e o metal redondo.

«A grande divindade do homem branco é o metal redondo e o papel forte a que ele chama dinheiro. Todos os homens brancos pensam nisso, até mesmo a dormir. Quase todos eles sacrificam a saúde ao metal redondo.
Pensam nisso todos os dias, a toda a hora, a todo o instante. Todos, todos eles o fazem! (...)
Descobri uma única coisa pela qual se não pede dinheiro na Europa, coisa que cada um pode fazer as vezes que quiser: respirar o ar.
Sem dinheiro, tu és, na Europa, um homem sem cabeça e sem membros; não és nada.(...)»



In "O Papalagui"

"O tempo gosta de nos ver descansar"

A persistência da memória, Salvador Dalí



"Como vivem obcecados pelo medo de perderem o seu tempo, todos os Papalaguis - sejam homens, mulheres ou crianças - sabem com exatidão quantas vezes nasceu o sol e a lua desde que viram pela primeira vez a luz do dia. Este acontecimento é considerado tão importante que o celebram, a intervalos de tempos fixos e regulares, com flores e grandes festas.

Ter uma idade, quer dizer: ter vivido um determinado número de luas. Isto de se perguntar qual o número de luas, apresenta grandes perigos, pois assim se acabou por determinar quantas luas dura em geral a vida dos homens. Ora acontece que cada um, sempre muito atento a isso, passadas que foram inúmeras luas, dirá: "Pronto! Não tarda muito que eu não morra!" Nada mais lhe causa alegria e, de facto, acaba por morrer daí a pouco tempo.

O tempo é calma, paz e sossego, gosta de nos ver descansar. O Papalagui não percebeu o que o tempo é. É por isso que o maltrata, com seus modos rudes.

Oh meus queridos irmãos! Nós nunca nos queixámos do tempo, amámo-lo e acolhemo-lo tal como ele é, nunca corremos atrás dele, nunca tentámos fechá-lo ou cortá-lo em pedaços. Nunca o tempo nos deixou desesperados ou acabrunhados. Não precisamos de mais tempo do que o que temos, temos sempre tempo suficiente.

Sabemos que atingiremos o nosso alvo a tempo e que muito embora ignoremos quantas luas se passaram, o Grande Espírito nos chamará quando lhe aprouver.

Devemos curar o Papalagui da sua loucura e desvario, para que ele volte a ter a noção do verdadeiro tempo que tem perdido. Devemos destruir as suas pequenas máquinas do tempo e levá-lo a confessar que há muito mais tempo do nascer ao pôr-do-sol do que ao homem lhe é dado gastar."

In "O Papalagui"

Orgulho de tia...

«Criador de sonhos

Uma companhia das horas

Preenchidas ou vagas,

Trazem-nos poemas, histórias,

Presentes ou passadas.

Amigos sempre presentes,

Esperando nossa chamada.

Livros dançantes, contentes,

Poemas de estrofe rimada.

Somos invadidos por memórias,

Explodimos de sentimentos!

Lembramos nossas próprias histórias,

Revivemos uns quantos momentos.

Por vezes, trazem-nos tristeza,

Tocam-nos na alma.

Porém, fazem-no com delicadeza,

Ternura, calma…

São estes eufemismos

Que com suavidade

Nos mostram os abismos,

Numa outra realidade.

E os livros de romances?

Ora simples, ora com contrapartidas.

Oh! Amores platónicos,

Companhia de leituras sofridas!

E quando um livro é um poema?

Inundado de sentimento verdadeiro,

Qual exactamente? Um dilema…

Resposta tem o poeta,

Um sonhador a tempo inteiro.

E pergunto eu, conhecendo já a resposta,

Onde podemos encontrar tamanha harmonia

Senão pelas linhas de uma prosa,

Pelos versos de uma poesia?

São páginas cheias de vida,

Pelas mãos do ponderado escritor.

São sonhos da alma comovida,

Do poeta, um sonhador!»


Ana Luísa

Quem és tu, Papalagui?

O livro “O Papalagui" é um clássico da literatura e uma obra especialmente recomendada para alunos do 3º ciclo e secundário. Aqui ficam alguns excertos para ler e avaliar.

«O "Papalagui" - ou seja o Branco, o Senhor - é este o nome dados aos discursos do chefe de tribo de Tuiavii de Tiavéa, nos mares do Sul. Tuiavii nunca teve intenção de publicar esses discursos na Europa, nem sequer de os mandar imprimir; destinavam-se unicamente aos seus compatriotas polinésios. Se eu, apesar disso, transmito aos leitores europeus os discursos desse indígena, sem que ele o saiba e certamente contra sua vontade, é porque estou convencido de que nos vale a pena, a nós, homens brancos e esclarecidos, ter conhecimento do modo como um indivíduo ainda intimamente ligado à natureza nos vê a nós e à nossa cultura. Através dos seus olhos descobrimos a nossa própria imagem, e isso com uma simplicidade que já perdemos. Os leitores particularmente fanáticos da nossa civilização irão decerto achar a sua maneira ver ingénua, e até mesmo pueril, ou parva; no entanto, mais do que uma frase de Tuiavii deixará pensativo o leitor mais modesto, pois a sabedoria de Tuiavii não emana de um saber erudito, mas é mais uma inocência de fonte divina.»




Erich Scheurmann, Introdução

sábado, 28 de janeiro de 2012

«Sentia-me violentamente ofendido, mas não o mostrava. Porque sentirmo-nos ofendidos é afirmarmos a eficácia de quem nos ofende.»

De Virgílio Ferreira, que hoje faria 96 anos,em “Até ao Fim

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

«O poeta, sensível e até mais sensível que os outros homens, imolou o coração à palavra, fugiu da autobiografia, tentou evitar a vida privada. Ai dele, se não desceu à rua, se não sujou as mãos nos problemas do seu tempo, mais ai dele também se, sem esperar por uma imortalidade incompatível com a sua condição mortal, não teve sempre os olhos postos no futuro, no dia de amanhã, quando houver mais justiça, mais beleza sobre esta terra sob a qual jazerá, finalmente tranquilo [...].»

(Ruy Belo, na revista "Crítica", 1972)
«Apenas um vislumbre de sorriso – não rias. Fora sempre tão alegre. Era o seu modo de apenas ser. [...] E tu sorriste como é próprio do amanhecer. Mas neste instante em que te lembro. Fica-te assim. Como tudo é belo e terrível no intocável do lembrar.»

Virgílio Ferreira,em "Até ao Fim"

Banco de Exames e Provas

"O GAVE disponibiliza o sítio Banco de Exames e Provas que é um arquivo de todos os instrumentos de avaliação concebidos no âmbito da missão do GAVE, desde 1997.

Neste arquivo podem ser consultados e descarregados os ficheiros relativos às provas de aferição, às provas de exame nacional (ensino básico e ensino secundário) e aos testes intermédios".

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ah, pois!

«No meu país de pachecos safam-se os parentes, os papalvos, os palermas. Perfilam-se os padres, perde-se o pudor, prefere-se o penacho, pede-se paciência, pinta-se o pior, publica-se o pastel, pertence-se à pandilha, perfila-se o partido, promove-se o pelintra. Perguntas-me: porquê? Porque no meu país de prados, pachecos e outros piolhos públicos, se permite toda a patetice, se promulga toda a pulhice, e se perdoa toda a porcaria. E pronto. Procuram pisar-te. Neste Portugal dos pequeninos pagas portagem para tudo. Se pias, proíbem-te. Se não pagas, penhoram-te. Ah, pois!.»

Joaquim Pessoa,
in "Ano Comum".

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Rede social de educação e aprendizagem?

Tire as suas próprias conclusões em:
Falar Global - Socl - GLOBAL NET - Rubricas


"A Microsoft afirma que esta rede social não concorre com o Facebook e que combater a tecnológica de Mark Zuckerberg não é o seu objetivo. O que a Microsoft quer é experimentar usar uma combinação de busca e partilhas sociais na educação".

Miguel Martins, Editor Multimédia do "Expresso"

Amanhã é dia de Sessão Escolar do Parlamento dos Jovens


Amanhã, dia 19 de janeiro, irá decorrer a Sessão Escolar do Programa Parlamento dos Jovens do Ensino secundário, subordinado ao tema “Redes sociais: participação e cidadania”.
A Sessão Escolar, realizada com os deputados eleitos (máximo de 31), visa debater e aprovar o Projeto de Recomendação da Escola que deve conter, no máximo, 3 medidas e cumprir os requisitos definidos no Regulamento da Sessão Escolar.


Durante esta Sessão os jovens vão eleger os seus representantes à Sessão Distrital (4 deputados efetivos e um suplente). A Sessão Distrital está agendada para o dia 20 de março de 2012.


Bom trabalho e atenção às falácias!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Padrões de namoro.

“Durante os últimos anos da Segunda Guerra Mundial e nos primeiros anos do Pós-guerra, centenas de milhares de soldados americanos estiveram colocados na Grã-Bretanha, ou passaram por lá, o que facultou uma oportunidade única de estudar os efeitos de uma penetração em larga escala de uma cultura por outra. Um dos aspectos interessantes foi uma comparação entre padrões de namoro. Tanto os soldados americanos como as raparigas britânicas se acusaram mutuamente de serem sexualmente atrevidos. Investigações acerca desta dupla acusação curiosa revelaram um problema interessante de comunicação. Em ambas as culturas o comportamento do namoro desde a primeira troca de olhares até à consumação final consistia em cerca de 30 etapas, mas a sequência dessas etapas era diferente.
Por exemplo, o beijo era uma das primeiras etapas no padrão norte-americano (ocupa, digamos, o quinto lugar) mas é uma das últimas do padrão britânico (podemos dizer a vigésima quinta etapa) no qual é considerado um comportamento altamente erótico. Por isso, quando um soldado americano achava que era a altura de dar um beijo inocente, a rapariga não só achava que ele tinha saltado 20 etapas daquilo que ela considerava uma relação como deve ser, como sentia que tinha de tomar uma decisão rápida: ou acabava com tudo e fugia, ou preparava-se para ter relações sexuais. Se escolhia a segunda hipótese o soldado via-se confrontado com as suas regras culturais, só poderia ser considerado como desavergonhado num estado tão inicial da relação”.

PaulWatzlawick (1991), A Realidade é Real?, Relógio d`Água

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

"Mudam-se os tempos..." II

“As relações entre adolescentes estudantes de liceu estavam sujeitas a diversas proibições não registadas na lei, mas cumpridas pelos agentes de autoridade. Assim, a separação dos sexos não era limitada às instalações escolares e à actividade das Mocidades Portuguesas (havia a masculina e a feminina), mas alargava-se às redondezas dos liceus femininos. Os rapazes estavam proibidos de “estacionar” à porta da escola das raparigas e os polícias de serviço à rua do liceu impediam qualquer jovem de esperar por uma aluna a menos de 300 metros da entrada. Quem fosse esperar a namorada à saída das aulas tinha de andar para trás e para a frente a assobiar para o lado, esperando passar despercebido aos agentes e às porteiras dos liceus, que alertavam a polícia ao mais pequeno sinal de namorado à vista.
No início dos anos 70, a regra da separação rigorosa dos sexos foi ligeiramente aliviada e realizaram-se em certas escolas secundárias masculinas alguns bailaricos nos pavilhões desportivos, chamados “convívios” de finalistas, que permitiam a entrada de raparigas. Eram, claro, rigorosamente vigiados, mas constituíam a única ocasião em que rapazes e raparigas se juntavam nas instalações liceais.”



António Costa Santos, "Proibido"

"Mudam-se os tempos..." I

“No verão de 1973, a menos de um ano da queda do regime, a polícia, nas cidades, e a GNR, na província, ainda detinham e puniam com coima, qualquer cidadão mais fogoso, que beijasse o seu par, diante de transeuntes. Os turistas manifestavam o seu carinho mais à vontade, mas podiam ser postos na fronteira, se a guarda considerasse que estavam a abusar da tolerância face aos estrangeiros.
O beijo na boca, entre cidadãos de sexo oposto, era qualificado de acto exibicionista atentatório da moral. E se sublinhamos, aqui atrás, “de sexo oposto”, é porque qualquer contacto físico homossexual constituía um crime muito mais grave e um beijo “à Hollywood”, na via pública, entre dois homens, ou duas mulheres, seria caso para processo em tribunal, com penas de prisão a doer. Mas isso estava fora de questão. Não se viviam tempos propícios à saída do armário, como é bom de ver. A homossexualidade era proibida, para além de ser considerada uma doença mental, tratada em manicómio. Levado para a esquadra, ou para o posto da GNR, o delinquente beijoqueiro era identificado, autuado em pelo menos 57 escudos (um valor variável, em função de critérios que hoje nos escapam; há quem tenha pago 60, 80, 100), e passava invariavelmente pela cadeira do agente-graduado-em-barbeiro, de onde saía de cabeça rapada, máquina zero”.





António Costa Santos, "Proibido"

Qual é a ideia central do texto de F. Savater?

“Quando as pessoas falam de ‘moral’ e sobretudo de ‘imoralidade’, oitenta por cento das vezes – e estou com toda a certeza a calcular por baixo – o sermão trata de alguma coisa que tem a ver com sexo. Tanto assim é que há quem julgue que a moral se dedica antes de mais a ajuizar o que as pessoas fazem com as suas partes sexuais. O disparate não podia ser maior (…). No sexo, por si próprio, nada há de mais ‘imoral’ do que comer ou passear no campo; claro que uma pessoa pode comportar-se imoralmente com o sexo (utilizando-o para prejudicar outra pessoa, por exemplo), do mesmo modo que há quem coma a parte do vizinho ou aproveite os seus passeios para planear atentados terroristas.”
Fernando Savater, Ética para um Jovem

domingo, 8 de janeiro de 2012

Que lado do cérebro mais utiliza?

Consulte o artigo e tire as suas próprias conclusões acerca dos seguintes itens:
- "left-brain teachers" e "right-brain teachers";
- "left-brain students" e "right-brain students";
- "diferentes estilos e estratégias de aprendizagem".

Are You Left or Right Brain? Online College Tips - Online Colleges

11 maneiras de reduzir o stress.

Dicas úteis para alunos, pais e professores!



«Com os exames a chegar, com o prazo de entregares aquele trabalho quase a acabar e o dia daquela apresentação quase aí, é normal que fiques nervoso!
Aqui ficam algumas ideias para te acalmares e aliviares a pressão.
1. Vai correr. Fazer exercício físico de forma regular faz maravilhas em lidar com o stress, e permanecer em atividade no Inverno eleva o ânimo e reduz a ansiedade. Esticar os teus músculos também ajuda a aliviar a tensão!
2. Corta no café. Aquelas múltiplas chávenas de café que tomas por dia, tornam-te agitado e nervoso. Por isso, em vez de beberes café, opta por beber água. Se não conseguires parar de beber café, junta-lhe um pouco de descafeinado.
3. Sai de casa. Planeia um picnic com os teus amigos ou um passeio ao ar livre. Vais ver que apanhar um pouco de sol vai melhorar o teu humor!
4. Come legumes. Quando estás doente stressas mais facilmente, por isso, ajuda o teu humor se tiveres uma boa nutrição.
5. Procura um hobby. É óptimo ter outros interesses para além da escola e do trabalho. É bom para ti e é um excelente meio para aliviar a pressão.
6. Motiva-te. Coloca frases ou palavras motivadoras à tua volta. Isto vai ajudar-te a alcançar os teus objectivos e vai fazer-te bem.
7. O poder da música. Ouve e dança ao som da tua música favorita. Vais sentir-te muito mais feliz!
8. Pára de fumar. Se achas que fumar acalma o stress, estás muito enganado! Estudos provam que minutos depois de se fumar um cigarro, o nível de stress sobe e cria maior depressão.
9. Escreve e liberta. Ter um diário pode ser um método muito terapêutico para lidar com o stress. Por isso, escreve aquilo que pensas e que te atormenta.
10. Organiza as coisas à tua volta. Organiza o teu quarto e local de trabalho, assim vais encontrar as coisas mais rapidamente e evitar um stress desnecessário.
11. Descontrai. Dá a ti próprio uns minutos de silêncio por dia. Reflecte, medita ou simplesmente relaxa. Podes preparar um grande banho de espuma, ir para uma sala e estar em silêncio absoluto ou ir até lá fora apanhar ar fresco. Faz aquilo que tens a fazer para te acalmar! »




quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Qual é o drama da "Geração André"?

Eis um excerto da crónica do jornalista Filipe Mendonça publicada no primeiro dia de 2012 e que tão bem retrata a situação atual de muitos jovens portugueses. Infelizmente, Andrés há muitos no país que não valoriza o mérito...
«25 de Dezembro. Foi o último dia do André na redacção. Sentou-se à mesa, no bar, como se fosse ficar ali para sempre. Como se aquela fosse a sua casa. Como se a dedicação e o brilhantismo de seis meses de estágio fossem suficientes para garantir um lugar entre nós.

O André foi o melhor estagiário que passou por aquela redacção desde que cheguei. O André trabalhou dia e noite, fez sábados, domingos e feriados. Dispensou folgas, esqueceu horários, correu, transpirou, apanhou chuva, frio e voltou sempre com aquele sorriso de quem ama o jornalismo. O André fez reportagens brilhantes: entrevistou ministros, pescadores, sem-abrigo, artistas de circo, sempre com o mesmo rigor, a mesma dedicação, o mesmo profissionalismo. O André aprendeu a editar, a legendar, a sonorizar e a escrever como poucos. O André será um grande jornalista deste país, se o país deixar. O André foi-se embora no dia de Natal, depois de mais uma jornada de intenso trabalho na redacção. Acabou o estágio.

A crise. A crise. A “crise diz” que não há espaço para o André numa empresa com nove milhões de lucro. O André não é bom. O André é muito bom. Mas ser muito bom não chega num país liderado por medíocres. E é este o drama da geração do André. Esqueçam esse eufemismo da “geração à rasca”. Esta é a geração sem futuro num país liderado por uma geração parida pelas “vacas gordas” do cavaquismo à qual o guterrismo deu de mamar. É esta, sim. É esta a geração que mostrou o rabo indignada contra o aumento de meia-dúzia de tostões nas propinas. Tão rebeldes que eles eram.

Chegou ao poder a geração do “baixa as calças”, a geração jota. É a mesma coisa. Quando não havia emprego, sobrava o partido. Quando não havia partido, sobrava o amigo do partido, ou uma sociedade de advogados. E foi andando assim, nos anos loucos do Portugal do “Progresso” de Cavaco Silva, ou no país da “Razão e Coração” de Guterres. Foi-se o Progresso, ficou o monstro do Estado cheio de parasitas. Faltou a razão e o coração começou a vacilar. Já instalada nos corredores do poder, a geração habituada a baixar as calças, indignada claro, calou-se e deixou-se embalar. O poder… O poder ali tão perto. (...)»